
A imagem pública de Kesha sempre foi construída sobre contradições calculadas. A artista que explodiu em 2010 com hinos de festa como "TiK ToK", estilizando seu nome com um cifrão ($), era a mesma que, segundo relatos, obteve uma pontuação quase perfeita no SAT e recusou uma bolsa para a prestigiada Barnard College. Essa dualidade entre a persona de "garota da festa" e uma mente brilhante e estratégica sempre esteve presente. Agora, Kesha adiciona a mais inesperada das camadas à sua carreira: a de fundadora e CEO de uma startup de tecnologia. Com o aplicativo Smash, ela não está apenas lançando um produto; está transformando a dor de uma carreira marcada por batalhas legais em uma ferramenta de empoderamento para outros artistas.
De "TiK ToK" a Tech CEO: Kesha Lança o App Smash para Proteger Músicos
A iniciativa nasce de uma ferida profunda. A batalha legal de Kesha contra seu ex-produtor, Dr. Luke, que ela acusou de abuso sexual, físico e emocional em 2014, expôs o lado sombrio da indústria musical. O processo, que incluiu um contra-ataque por difamação, a manteve presa a um contrato que, segundo ela, era predatório. Mesmo buscando sua liberdade artística, a justiça a forçou a lançar mais três álbuns sob o selo dele. Somente em julho deste ano, Kesha finalmente se tornou uma artista totalmente independente. Mas para ela, a própria liberdade não era suficiente. A experiência traumática se tornou o combustível para uma missão: garantir que a próxima geração de talentos não sofra o mesmo destino.
O Que é o Smash e Como Ele Pretende Mudar o Jogo?
O Smash, desenvolvido em parceria com seu irmão Lagan Sebert, não é apenas mais uma rede social para músicos. Seu diferencial está no núcleo do problema que Kesha enfrentou: os contratos. A plataforma foi projetada para ser um ecossistema seguro onde criadores podem se conectar, colaborar e, crucialmente, formalizar suas parcerias com acordos claros e transparentes gerados dentro do próprio aplicativo. Conforme detalhado em uma reportagem do TechCrunch, que serviu de base para esta análise, o sistema permite que os artistas definam seus próprios termos. Um músico pode licenciar uma batida por uma taxa fixa ou negociar uma porcentagem dos royalties futuros. O modelo de negócios do Smash é igualmente transparente: a plataforma fica com uma pequena porcentagem dos pagamentos realizados, eliminando a necessidade de intermediários e cláusulas abusivas. "Com o Smash, queremos dar aos criadores de música as chaves para entrar neste clube de profissionais e outros criadores sem que eles sintam que precisam abrir mão de algo", explicou Lagan Sebert.
Montando o Time dos Sonhos: Da Música ao Vale do Silício
Para transformar essa visão em realidade, Kesha e seu irmão sabiam que precisavam de peso-pesado da tecnologia. A credibilidade do Smash foi cimentada pela equipe que eles reuniram. Lars Rasmussen, cofundador do Google Maps e um dos primeiros investidores do Canva, foi um dos primeiros a apostar no projeto. Foi ele quem apresentou Kesha a Alan Cannistraro, que se tornou o CTO do aplicativo. A experiência de Cannistraro é impecável. Com mais de 12 anos na Apple, ele foi fundamental no desenvolvimento dos primeiros aplicativos para iOS, incluindo iBooks e iTunes, e trabalhou em ferramentas para criativos como o Final Cut. Sua filosofia sempre foi a de proteger os artistas, uma convicção que se alinhou perfeitamente com a missão de Kesha. "Sempre esteve no meu sistema de valores que os artistas precisam ser apoiados", disse Cannistraro ao TechCrunch. Essa união entre a experiência vivida de uma estrela da música e a expertise técnica de veteranos do Vale do Silício confere ao Smash uma autoridade que poucos aplicativos do gênero possuem.
(Fonte original: TechCrunch)
*Fonte: Análise baseada em reportagem original do TechCrunch.*