Intel Recalcula Rota: O Fim dos Projetos de Manufatura e o Futuro da Gigante de Chips

A gigante dos semicondutores, Intel, está passando por uma transformação radical sob a liderança de seu novo CEO, Lip-Bau Tan. A nova diretriz é clara: abandonar a ineficiência e focar em uma operação mais enxuta e estratégica. Essa mudança de curso resultou no cancelamento e adiamento de vários projetos de manufatura de grande porte, sinalizando uma reavaliação profunda de seus investimentos e pegada global.

A Nova Era da Intel: Eficiência Acima da Expansão

Você já se perguntou como uma empresa do tamanho da Intel, que parecia estar em uma corrida incessante por expansão, decide frear bruscamente? O problema, como apontado por Tan, foram os investimentos "imprudentes e excessivos" feitos nos últimos anos, que criaram uma capacidade de produção muito à frente da demanda real e fragmentaram desnecessariamente as operações da fábrica. A agitação no mercado e a pressão por resultados levaram a uma solução drástica: um realinhamento completo.

Projetos Cancelados e o Impacto Geopolítico

Conforme detalhado em seu último relatório trimestral e originalmente reportado pelo TechCrunch, a Intel confirmou que não seguirá adiante com projetos multibilionários na Europa. Isso inclui uma instalação de montagem e teste na Polônia e uma aguardada fábrica de chips na Alemanha. Ambos os projetos, anunciados com grande alarde, estavam em um estado de suspensão desde 2024, e agora seu cancelamento é oficial. Essa decisão não é apenas um ajuste contábil; ela reverbera no cenário geopolítico. A Europa contava com esses investimentos para fortalecer sua autonomia na produção de semicondutores. Agora, a estratégia da Intel se volta para a consolidação, concentrando suas operações de teste em locais já estabelecidos como Vietnã e Malásia, buscando sinergia e redução de custos.

O Futuro Incerto da Fábrica de Ohio e a Reestruturação da Empresa

Nos Estados Unidos, o ambicioso projeto da fábrica de chips de US$ 28 bilhões em Ohio também sofreu um novo revés. Prevista inicialmente para 2025 e já adiada uma vez, a construção enfrenta mais atrasos. A nova filosofia da empresa é clara: "cresceremos nossa capacidade com base exclusivamente nos compromissos de volume e implantaremos o capex em sintonia com os marcos tangíveis, e não antes", afirmou Tan. Essa abordagem pragmática visa evitar os erros do passado, mas também gera incertezas sobre o cronograma de projetos vitais para a cadeia de suprimentos americana. A busca por eficiência não se limita às fábricas. A Intel promoveu uma reestruturação significativa em sua força de trabalho, com uma redução de aproximadamente 15% no quadro de funcionários, planejando encerrar o ano com 75.000 empregados. De forma notável, a empresa conseguiu eliminar 50% dos níveis de gerenciamento, um movimento ousado para achatar a hierarquia e aumentar a responsabilidade em todos os níveis. Desde que assumiu o cargo em março, o CEO Lip-Bau Tan tem sido enfático em seu plano de eliminar redundâncias e vender unidades de negócios não essenciais. O objetivo é construir uma organização "limpa e simplificada", um trabalho que, segundo ele, continuará sendo o foco principal no próximo trimestre. Essa transformação, embora dolorosa em termos de demissões, é vista pela liderança como essencial para a saúde e competitividade a longo prazo da Intel em um mercado de semicondutores cada vez mais acirrado.

(Fonte original: TechCrunch)