A busca por hidrogênio limpo e acessível é um dos maiores desafios da transição energética. Enquanto o hidrogênio "verde", obtido por eletrólise, permanece caro e o "cinza", derivado do gás natural, gera altas emissões de CO2, uma solução disruptiva estava esquecida em um relatório interno por quase duas décadas.
Uma Descoberta Acidental
Entre 2002 e 2005, engenheiros do Techint Group, ao operarem um novo forno elétrico a arco, observaram um fenômeno peculiar: os eletrodos de carbono, em vez de se desgastarem, estavam crescendo. Eles haviam, sem intenção, provocado uma reação de pirólise de metano, processo que quebra o gás natural em seus componentes fundamentais: hidrogênio puro e carbono sólido, sem gerar emissões de dióxido de carbono. Na época, com o hidrogênio limpo fora do radar do mercado, a descoberta foi arquivada.
O Renascimento de uma Ideia
Vinte anos depois, em um cenário global que clama por descarbonização, a TechEnergy Ventures, braço de capital de risco do grupo, redescobriu o antigo experimento. Deste resgate nasceu a Tulum Energy, uma spin-off com a missão de transformar aquele acidente afortunado em um negócio viável e escalável.
Investimento e Futuro Promissor
Conforme noticiado pelo TechCrunch, a Tulum Energy acaba de garantir um aporte de US$ 27 milhões em uma rodada de investimento semente. O capital será usado para construir uma planta piloto no México. A grande vantagem competitiva da sua abordagem, apelidada de hidrogênio "turquesa", é o uso de uma tecnologia industrial consolidada — o forno elétrico a arco — e a não dependência de catalisadores caros, um obstáculo para concorrentes.
O plano da Tulum é produzir hidrogênio a um custo de aproximadamente US$ 1,50 por quilo, um valor que não só compete com o hidrogênio cinza, mas que também é significativamente mais baixo que o verde. Além disso, o carbono sólido resultante é um subproduto valioso, que pode ser vendido para indústrias de pneus, asfalto e agricultura, criando uma segunda fonte de receita. A jornada da Tulum Energy é um poderoso lembrete de que, às vezes, a inovação do futuro está escondida nas descobertas do passado, apenas aguardando o contexto certo para revolucionar o presente.
(Fonte original: TechCrunch)
