Imagem do artigo sobre o uso de companheiros de IA por adolescentes

A busca por conexão e compreensão é uma constante na adolescência. Em um mundo cada vez mais digital, uma nova forma de interação silenciosamente ganhou espaço: os companheiros de Inteligência Artificial. Longe de serem meros assistentes, esses chatbots prometem conversas pessoais e apoio incondicional, 24 horas por dia. Mas qual o verdadeiro alcance desse fenômeno? Um estudo revelador da Common Sense Media, cuja notícia foi originalmente divulgada pela TechCrunch, acende um alerta: 72% dos adolescentes nos Estados Unidos já experimentaram um companheiro de IA.

A Surpreendente Adoção da IA por Jovens

A pesquisa, conduzida pelo NORC da Universidade de Chicago com mais de 1.000 jovens, detalha um cenário surpreendente. Mais da metade (52%) são usuários regulares, buscando entretenimento (30%), satisfazendo a curiosidade sobre a tecnologia (28%) ou procurando conselhos (18%). A principal atração, para 17% deles, é a disponibilidade constante, algo que as amizades humanas nem sempre podem oferecer. Essa adoção massiva levanta questões sobre a natureza dessas interações: são vistas como ferramentas (46%) ou como uma forma de relacionamento social (33%)?

IA como Treino para a Vida Real: O Lado Inesperado

O estudo aponta para um uso ambíguo e fascinante. Enquanto um terço dos jovens considera as conversas com IA mais satisfatórias que as com amigos reais, a grande maioria (67%) discorda, priorizando o contato humano. Curiosamente, 39% usam esses chats como um "laboratório social", praticando habilidades de conversação, expressão de emoções e até como iniciar um diálogo, que depois aplicam no mundo real. Essa função de treinamento social é um dos achados mais significativos, mostrando que a tecnologia pode servir como uma ponte para interações mais ricas fora das telas.

Análise: Entre a Confiança e os Riscos Reais

Apesar do uso difundido, o ceticismo prevalece. Metade dos adolescentes não confia nas informações ou conselhos dados pela IA. No entanto, essa prática não vem sem riscos graves. O cenário é ofuscado por preocupações sérias, como processos judiciais contra empresas como a Character.AI por seu suposto papel em tragédias e a ampla discussão sobre os perigos de usar chatbots como terapia informal sem supervisão. O fenômeno dos companheiros de IA é um reflexo das necessidades da Geração Z e um vislumbre do futuro das interações. Embora 80% dos usuários ainda priorizem amigos de carne e osso, a crescente integração da IA na vida social dos jovens é um caminho sem volta. A questão deixa de ser *se* eles usarão essa tecnologia, mas *como* podemos guiá-los para um uso consciente e seguro, equilibrando os benefícios de um "ombro amigo" digital com os laços insubstituíveis do mundo real.

(Fonte original: TechCrunch)