Imagem ilustrativa do ciberataque na Aeroflot com um avião e códigos de computador ao fundo.

A guerra moderna não se trava apenas com tanques e mísseis, mas também com linhas de código e teclados. A prova mais recente disso veio dos céus – ou melhor, da ausência de aviões neles. Um ciberataque de grande escala atingiu a Aeroflot, a maior companhia aérea da Rússia, nesta segunda-feira, resultando no cancelamento de dezenas de voos e expondo a vulnerabilidade da infraestrutura crítica do país.

O Caos nos Aeroportos Russos

O que começou como um dia normal de operações aéreas rapidamente se transformou em caos. Passageiros em aeroportos por toda a Rússia viram os painéis de embarque piscarem em vermelho, com mais de 60 voos oficialmente cancelados. A causa, confirmada por promotores russos, foi um "ataque hacker" que efetivamente paralisou os sistemas da gigante da aviação. O site da Aeroflot saiu do ar, exibindo uma mensagem de restrição temporária e deixando clientes sem informações.

A Reivindicação do Ataque e a Infiltração Digital

A responsabilidade pelo ataque foi reivindicada por um grupo de hacktivistas pró-Ucrânia conhecido como "Silent Crow", que atuou em conjunto com hackers bielorrussos. Em uma postagem no Telegram, o grupo não apenas assumiu a autoria, mas detalhou a extensão da sua infiltração. Eles afirmaram ter tomado o controle de sistemas críticos da Aeroflot, acessado terabytes de dados internos e, em um ato de sabotagem digital, "destruído" os sistemas aos quais tiveram acesso. As capturas de tela divulgadas pelo grupo, conforme noticiado pelo TechCrunch, supostamente mostram acesso a vários sistemas internos, incluindo o diretório ativo – o coração da gestão de usuários de uma rede corporativa.

Guerra Cibernética e o Impacto na Infraestrutura Civil

Este ciberataque na Aeroflot não é um evento isolado, mas um capítulo significativo na guerra cibernética que corre em paralelo ao conflito militar na Ucrânia. Desde o início da invasão, grupos de hackers de ambos os lados têm travado uma batalha constante no espaço digital, visando desde agências governamentais até empresas privadas. O ataque à Aeroflot, no entanto, eleva o patamar ao mirar diretamente uma infraestrutura civil de alto impacto, afetando milhares de cidadãos comuns como forma de retaliação política. A ação do Silent Crow demonstra uma clara estratégia de guerra assimétrica. Ao invés de um confronto direto, eles exploram as vulnerabilidades digitais para causar disrupção e dano reputacional, transformando os serviços dos quais a população depende em um campo de batalha. O incidente serve como um alerta severo sobre como a infraestrutura civil, de companhias aéreas a redes elétricas, tornou-se um alvo legítimo e potente na geopolítica moderna, onde um teclado pode ser tão disruptivo quanto um míssil.

(Fonte original: TechCrunch)